Libânia Coelho, descendente de família abastada rural, cedo casou. Tinha a linda idade de 15 anos. Senhora de aspecto trigueiro, moreno, bem apessoado. Enamorou-se por garboso homem de cabelos loiros e olhos azuis… Casamento de amor… A vida decorreu conforme era prática na época. Os filhos sucederam-se... Enviuvou cedo, ainda era moça… O contacto com os netos foi constante. Nesse contacto muitas histórias familiares foram contadas. Lembro-me de histórias do meu bisavô, paizinho chamava a minha mãe, cuja vida se passava entre duas terras, Mozelos e Vila Nova de Gaia. Dedicava-se ao negócio da madeira e do vinho do porto. O negócio era feito num grande armazém nas margens do rio Douro. Na época as barragens eram uma miragem, as cheias assolavam os armazéns e obrigavam as pessoas a ficar lá para vigiar e tomar conta das mercadorias… Numa dessas ausências a infidelidade surgiu, donde nasceu Donzíria, filha bastarda. Situação banal, estaa notícia foi acolhida com normalidade. Os laços de sangue foram mais fortes e acabou por ser bem aceite na família. Donzíria seguiu a sua vida tendo ido trabalhar para uma fábrica de calçado, onde conheceu o Andrade, viúvo com filhos que a aceitavam mas não numa situação marital. Senhora de bela aparência, cativava… e o seu sucesso na sociedade portuense foi garantido e mantido durante longos anos, até que um dia a fonte de riqueza secou… tendo finalmente casado e acabado os seus dias ao lado de um taxista, relação que a acompanhou até aos fins da sua vida.
Wednesday 9 June 2010
Memória de Segundos
Wednesday 2 June 2010
Saturday 15 May 2010
Na era do pirolito
AS AMORAS
(O OUTRO NOME DA TERRA Eugénio de Andrade)
O nosso casamento
15 de Fevereiro de 1964, há 46 anos atrás. Eu levantei-me, fui tomar banho e foi lá a minha casa uma modista de espinho vestir-me. Fomos para a igreja de carro. Depois da cerimónia viemos para casa com a familia.
Tinha 26 anos quando me casei com o homem ao qual namorei 7 anos. Eu sonhava casar-me com um vestido de noiva, mas a minha mãe não me deixou, então usei um vestido bonito mas muito simples.
20 de Agosto de 1970. Quando ía para o altar sentia uma alegria e felicidade enormes. As bodas foram em casa da minha tia. Ainda gosto muito do meu marido.
Tuesday 11 May 2010
Ficha técnica e artística
EMILIA SÁ E IRENE
Emilia sá
No dia do meu casamento saí de casa do meu pai e fomos a pé para a igreja, eu ía com uma saia branca e uma blusa branca ás pintinhas bejes. No meu casamento não tinha muita gente porque nem todos queriam que o meu marido se casasse comigo pois ele tinha uma prima que vivia ao lado dele e tinha umas terras e então queriam que eles os dois casassem para juntarem os terrenos. A boda foi num restaurante o que poucas pessoas na altura faziam. Depois como o meu marido tinha carro fomos 2 dias para o Porto de lua de mel, nesses dois dias vimos dois teatros um de Laura alves e outro que se chama “todos os caminhos vão dar a Roma”.
Irene
Namorei 3 anos e meio, casámos honestamente. Na véspera chorei muito. Casei a 29 de Julho de 1949 em Guisande. Havia cerca de 50 pessoas. A boda foi em minha casa. Quando os convidados foram embora eu fiquei num canto da sala e o meu marido no outro a olhar um para o outro. No dia seguinte fomos trabalhar.
AURORA
O meu casamento foi no 15 de Fevereiro de 1964, há 46 anos atrás. Foi lá na minha casa, tinhamos lá um espaço até que chamávamos de alpendre, e cortámos o mato e alisámos aquilo tudo. Para aquilo ficar mais bonitinho puzemos lençóis a fazer efeitos e lençois de folho a fazer de cortinados. Naquele dia chovia muito. Eu levantei-me, fui tomar banho e foi lá a minha casa uma modista de espinho vestir-me. Fomos para a igreja de carro. Depois da cerimónia viemos para casa com a familia.
Monday 10 May 2010
Acto contínuo
Sunday 9 May 2010
“A Feliz Idade” estreia no Imaginarius
“A Feliz Idade” estreia no Imaginarius
Teatro comunitário reflecte envelhecimento
Seniores entre os 60 e os 87 anos integram este espectáculo
A “Feliz Idade” é o nome de um lar de terceira idade fictício que faz parte do livro “A máquina de fazer espanhóis”, de Valter Hugo Mãe, que serviu de inspiração a uma parte deste espectáculo. Inspirado no nome de um lar real que esconde uma realidade difícil de aceitar: a condição de envelhecer numa sociedade que não reconhece o valor de quem já não serve no ciclo produtivo, que coloca as pessoas em lugares que as isolam da vida, na solidão de um mundo onde as memórias já não são consideradas fundamentais para o futuro, tornandas nostalgia ou mercadoria. “A Feliz Idade” está a ser desenvolvido com a comunidade de Santa Maria da Feira desde Fevereiro, no âmbito da décima edição do Imaginarius – Festival Internacional de Teatro de Rua.
Artistas não profissionais
São essencialmente artistas não profissionais, pertencentes à comunidade feirense, que protagonizam este espectáculo. Do elenco fazem parte seniores dos 60 aos 87 anos, mulheres de diferentes idades, famílias oriundas de bairros sociais, crianças e jovens de escolas do Concelho e alunos da Escola de Hotelaria e Turismo de Santa Maria da Feira. Pessoas com diferentes percursos de vida que têm partilhado histórias, memórias, músicas, trajes e danças, criando uma ponte entre gerações e pessoas que no seu quotidiano não contactam entre si.
Mergulhámos nas memórias dos participantes para procurar o sentido profundo desta faculdade misteriosa do ser humano e encontrámos nas histórias deles imagens comovedoras e fortes, canções belíssimas e conhecimentos surpreendentes.
O cruzar de todos estes elementos tece um espectáculo que ganha vida exactamente porque as pessoas e processos convergem e se entrelaçam no tempo e no espaço – neste caso, a arquitectura de um edifício que é um museu dos Loios, que tem uma relação estreita com as memórias.
Mas “A Feliz Idade” é também alegria e felicidade. O espectáculo termina com uma grande festa, da qual o público é parte integrante, que recria o encanto vivido e sonhado pelos idosos no tempo em que também eles foram crianças e jovens. Espectadores e actores vão partilhar o mesmo espaço, comer, beber e dançar.
Datas: 27, 28 e 29 de Maio Local: Claustros do Museu Convento dos Lóios / Santa Maria da Feira [lotação limitada]
Na minha infância
Na minha infância ia muito para o mato com as minhas amigas e levávamos o comer nas gigas e uma panela para cozinhar.
O meu pai era muito rígido e não me deixa sair mas sempre que havia desfolhadas eu ia sempre no qual cantava, e ao fim da desfolhada havia sempre um lanche e os bailes e aos domingos ia sempre aos bailes.
Quando me casei na altura do verão ia para a praia de espinho e alugava uma casa com a minha vizinha. E sempre que vínhamos no autocarro embora cantava:
Adeus a praia de espinho
Adeus amigo banheiro
A saúde vai na mesma
Mas a carteira sem dinheiro
Saturday 8 May 2010
XLIII
que a passagem o animal, que fica lembrada no chão.
A ave passa e esquece, e assim deve ser.
O animal, onde já não está e por isso de nada serve,
mostra que já esteve, o que não serve para nada.
A recordação é uma traição à Natureza,
porque a Natureza de ontem não é Natureza.
O que foi não é nada, e lembrar é não ver.
Passa, ave, passa, e ensina-me a passar!
Alberto Caeiro
Histórias de Casamento
Emilia Cardoso
O meu casamento foi no dia 5 de Outubro em 1955, estava um dia lindo de sol. Eu levava um vestido rosa, de bico, tinha as mangas compridas e no decote tinha um ramo de flor de laranjeira. Ao meu casamento foi a minha família e os amigos mais próximos, e logo após do casamento fomos tirar 3 fotografias a Sanata Maria da Feira. A boda do meu casamento foi em casa.
Amélia
Tinha 26 anos quando me casei com o homem ao qual namorei 7 anos. Eu sonhava casar-me com um vestido de noiva, mas a minha mãe não me deixou, então usei um vestido bonito mas muito simples.
O meu casamento foi em casa dos meus pais, tinha cerca de 60 a 80 pessoas, vesti o meu vestido, desci para a beira dos presentes que me tinham dado, à espera do fotógrafo e dos convidados.
De seguida fomos para a igreja, entrei com o meu irmão mais velho que era também o meu padrinho de casamento, o meu marido com a minha cuhada e levava mais duas crianças das alianças.
Elisio
O dia do meu casamento foi um dos mais importantes da minha vida. Quando me casei tinha 22 anos e a minha actual esposa Palmira Ferreira da Mota tinha 18 anos. A boda foi em casa de um cunhado. Matou-se um porco, umas galinhas e era tudo caseiro, as únicas coisas que foram alugadas foram as mesas e as louças. As bebidas foi um tio que vendia vinhos e champanhes em Oliveira do Douro.
Batistina
Casei-me a 20 de Agosto de 1970. Quando ía para o altar sentia uma alegria e felicidade enormes. As bodas foram em casa da minha tia. Ainda gosto muito do meu marido.
Ascenção
Casei a 13 de Junho de 1964 por procuração. A cerimónia foi feita em casa, não com muitos luxos. O meu vestido era simples, já me encontrava grávida.